No final desta tarde, jovens indígenas de diversas etnias utilizaram as redes sociais para pedir o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Marcado para os dias 17 e 24 de janeiro, estudantes de todo o país solicitam o adiamento do exame para os dias 2 e 9 de maio, em decorrência da pandemia da Covid-19.
Entre os estudantes indígenas, o temor é ainda maior, como são populações de risco, o medo é de que os jovens tragam o vírus para dentro de seus territórios.
Segundo último levantamento da Emergência Indígena, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), são 44.806 indígenas infectados, 917 óbitos e 161 povos atingidos. A taxa de infecção entre a população indígena é 6,4% maior que a média nacional.
#IndigenasPeloAdiaENEM Essa é minha avó, Judite Kariri-Sapuyá. Ela está extremamente preocupada em eu e os outros jovens da aldeia ir fazer o Enem no próximo domingo. Sou semente da minha avó. Minha avó é meu tronco. Temo pela segurança dela! ENEM SEGURO JÁ!!! pic.twitter.com/Nq6jP7H6fY
“Somos vulneráveis a quaisquer tipos de doenças, decidimos ficar em nossas comunidades para preservarmos nossos anciões, crianças e parentes doentes. O Enem precisa ser adiado! #IndígenasPeloAdiaEnem”, disse Thyara Pataxó, ativista indígena e liderança Pataxó da Aldeia Novos Guerreiros (BA), em sua conta no Twitter. Também foram lembradas as dificuldades enfrentadas pelos estudantes com o ensino à distância:
falar do adiamento do ENEM é tb por em perspectiva que muitas pessoas indígenas também não conseguiram estudar frente à pandemia e a falta de acesso a algumas ferramentas essenciais para os estudos #IndigenasPeloAdiaENEM
Em nota, a Associação dos Jovens Indígenas Pataxó (Ajip), diz que:
“A exposição de indígenas na realização do ENEM, é um perigo notório à saúde e vida dos candidatos, representa também um risco de contaminação em massa das comunidades onde moram, haja vista o modo de vida comunitário que vivemos.
Com as escolas fechadas, alunos indígenas, principalmente da zona rural, não são contemplados com o ensino à distância e cerca de 46 milhões de brasileiros não têm acesso à internet (IBGE, 2018), o que dificulta o aprendizado de modo virtual.
A desigualdade na educação pública sempre foi um problema que afeta diretamente a entrada de estudantes indígenas nas Universidades Públicas, permitir que a prova seja realizada nessa data, é permitir a continuidade da exclusão dos Povos Originários nas Universidades, sem ao menos considerar a falta de mobilidade e de preparação para realizarem as provas”.
A mobilização contou com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), divulgadores científicos, estudantes não-indígenas e demais membros da sociedade civil.
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